≈∞≈

≈∞≈

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O Despertar de um Pertencimento


































As nuvens densas que por muito tempo carreguei, agora, debruçadas em meu peito, derramam-se numa precipitação absoluta e total, desde o sentimentos mais óbvio e banal, até os imprevisíveis enigmas da comoção que, imprevisível, aceita-se em seu impulsivo estado natural. Chuva tropical, que sou, escorre-me qual orvalho deslizando à pétala da pele em que vestido estou: minha superfície, à mostra, intrépida e ainda assim leve, tão ousada e breve, tão exposta, se solta e só assim recebe...

Gotejam certas emoções ácidas com o fervor duma tempestade elétrica, seus rios transbordam, fendas que escorrem, varrendo qualquer sofrência esquecida ou até mesmo ainda inédita. Contornando pedras, sigo por corredeiras e cavernas, até desaguar tal fluxo em fusão com o inescapável oceano, o alívio de seus mistérios, seu desmesurável tamanho em movimentos inconstantes porém sérios. Dissipa-se num timbre uníssono sem deixar vestígio de quaisquer aflição patética. Pertencimento é a aceitação profética do desconhecido passo que dança, caminhante, por música exotérica


Amanheço com o verde da paisagem ainda desbotada pela fria névoa da madrugada, nua e agitada. Ainda ecoa cada trovoada, reverberando insistentes sonhos que sobrevivem inclusive às dimensões de memórias oníricas e talvez também inventadas.


Sinto os poros abertos e um vento úmido me abraça cuidadoso, me cobrindo com um manto de fragrâncias tão evidentes, fatídicas, diversificadas, o toque cheiroso de atmosferas misturadas  ... Por entre espanto e surpresa, relâmpagos anunciam resquícios de lembranças vivas, experiências a serem revisitadas no vendaval que madruga pelas estradas coletivas...


No agora me deito e me deleito, pois que tempo é só  travesseiro onde recosto confortável o meu pensamento, sem pressa pra que seja interpretado. Pois que vejo então um imenso lençól azul vir me cobrir todo de azul aberto, céu limpo e impecável, gasoso deserto.


Sinto pois, de poro em poro, renascer e revigorar minhas intenções, bem perto, em novas motivações, redespertando tudo que acreditava saber no tecido do destino, qual nos permite criar ao crer.


E o novo se renova sempre que de novo. Vou de encontro ao bem estar desses desejos precisos, preciosos anseios decisivos. Nessa locomotiva de minhas querências, hoje restauradas no arco-íris do horizonte em meu olhar aprendiz, ponho lenha e assopro feliz, aprendo a meditar na raiz, seja qual for o lugar, não me interrompo, olhares atentos e certos, deixam estar meus sorrisos bem abertos.


Acredito e portanto arrisco, me apavoro sim, mas insisto tanto quanto me convenha, desde que eu creia, tudo posso vivenciar, no universo, o inacessível é mera utopia, latente, delira, esperando o dia em que vai desabrochar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário