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sábado, 26 de agosto de 2017

MORADA





















A minha casa é muito espaçosa
e cheia de vida, tem até horizonte.
Porque eu moro no meu olhar.
Moro até onde alcançar o distante
e posso até beber água da fonte
E tudo por onde vejo sei que resido.
Mas alguns cantos do meu lar
são muito tristes, cheios de resíduo
É muito difícil conseguir aceitar
a miséria de alguns vizinhos implorando
como dói vê-los esmolar se humilhando
Ainda bem que tem também por lá
um gigantesco quintal, é mesmo enorme
até montanha consegui plantar nele
adoro passear nelas até que as contorne
Mas é mesmo uma baita de uma pena
que destrói justo a região mais serena
Pois há infestação de cupins de metal
algumas estão instaladas de modo tal
que não há mais quem que as reforme
suas encostas arranhadas de asfalto
a tornam, de longe, um tanto disforme
desde suas bases até mesmo no alto
Com pragas roncando seus motores
e buzinas sempre emitindo poluentes...
Meu lar tem muitas janelas diferentes
de algumas eu contemplo até sabores
mas outras vejo mesmo apenas dores
Ah, quase esqueci de dizer o mais legal
Eu tenho criação de todo tipo de animal
Por exemplo, adoro assistir as andorinhas

Eu as crio soltas em seu habitat natural
assim como para todas outras criaturinhas
e sou tão apaixonado por quase todas elas
Fico admirado como algumas são tão belas.
Tenho ipês de flores roxas, outras amarelas
E embora tenha um mundaréu de vizinho
É cercado deles que sinto-me mais sozinho
Pois é justo o silêncio que está quase em extinção
e parece que ninguém quer dar a mínima atenção
Por isso meu quarto fica bem numa cachoeira
Só assim que me escondo de tanta barulheira
Eu não tenho piscina pois prefiro mesmo o mar
Ele tem um dom especial, capaz de me acalmar
Eu fico sempre em casa, pelo dia todo, tudo são meus lares
E eu me sinto muito bem, porque moro em todos os lugares




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