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sábado, 16 de abril de 2016

TRAVESSIA






































De repente sinto...
todas ondas sonoras
transmutando em meu consciente
como ondas de choque e
a gravidade me expremendo, feito 4 paredes.
Eleva a dor, claustrofóbico,
piso no instável e no inerte
É levada a cor, estroboscópio,
inevitável que ele me acerte...
Eu só preciso atravessar essa Lapa...

Os caros me esmagam, tratores...
caminhões, motos, táxis, moto-táxis
me embrenhando na selva metálica
meu sentir reduzindo à concreto
no asfalto meus sapatos trincam
prestes a estilhaçarem-se feito vidraças...
E eu só preciso atravessar essa Lapa...

Meu coração um bombardeio: Tum, Tum...
Tum... Tum tum, tum tum tum, tumtumtumtum....
perco então qualquer noção de velocidade
tudo pára, depressa ou devagar, tudo cidade
eu correndo e prédios ao redor desabando,  me dá a mão!
meus pés agora enraizados em cimento, cinzento o chão...
Só preciso aguentar até o sinal fechar, ou abrir... Abre! Fecha!
Eu só preciso atravessar essa Lapa...

Encolhido feito um feijão, sou esse umbigo de semente
mal posso me mover, e me cubro todo numa tal capa
um manto-casulo de ilusão me inventando uma invisibilidade
mas os olhos dóem, o ar todo me fere, me dá um tapa
pernas me levam automáticas, dirigem-me à responsabilidade
sonhos se corróem, alma inteira pede, tudo me escapa
Mas só o que preciso agora é atravessar essa Lapa...