≈∞≈

≈∞≈

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

FÉ... ridas DOR... mentes





















A espiritualidade
para alguns pode ser ilusão
para outros, como eu,
nada não é ilusão...
e para outros ainda, é sutileza
ou algo distante e intangível
outros gostam da palavra fé
e há quem acredite em palavras
sem questionar o que elas tentam de fato exprimir
tem quem interprete poesia ao pé da letra
e tem quem faz da palavra uma arma
para manipular a ignorância alheia...
eu, pessoalmente, não sou um bom leitor
gosto mesmo de usar minhas próprias palavras
pra exprimir o que penso, vivo e sinto...
e assim organizo tudo o que crio e experimento
são meus relatórios cientificamente subjetivos
meu estudo é estar atento à experiência do viver
Há quem entenda poesia, assim como a beleza de uma paisagem
onde cada um vê e pinta do modo que bem pretender
E tem quem vê metáforas em tudo o que é vida, esses poetas...
discretos poetas e poetizas mesclados ao meio da multidão
misturados entre tantos WWWs descartáveis e imediatistas
POETAS SOMOS COMO TURISTAS
aproveitamos cada detalhe, atentos
Esse olhar admirado, deslumbre dos artistas...
Mas tem também quem só enxerga o que quer enxergar
e quem só quer enxergar
o que os olhos vêm de maneira prática
e objetivamente direta
mas o que vemos, nós mesmos criamos
e poucos entendem a ciência por detrás disso...
A minha espiritualidade é bastante individual
não sei responder qual minha religião quando me perguntam
mas sem dúvida, sou das pessoas mais religiosas
e interessadas nas questões multidimensionais
que já conheci.. isso porque na realidade pra mim
ela é o próprio caminho
pra vislumbrar esse auto-conhecimento interminável
não anseio por diplomas, estudo o que meu coração me guia
estudo meus sentidos, minhas memórias;
a estrada é a própria vida!
Meus multi-sentidos, meu extra-sensorial tão aflorado
desde a infância remota assutando minha família
deixando psicólogos constrangidos...
já choquei muitas pessoas, inclusives ultra religiosas
E muitas vezes usando conhecimentos
que não tenho idéia de onde vêm
Tudo que sei é o que sinto
e minha memória eu mesmo edito, nem sempre lembro
alguns me acusam, dizem que minto, mas pouco importa
a porta dos sentidos se abre e sou curioso, abro meus olhos
com sede de enxergar além da imagem, ouvir além do som
sou um cientista por natureza
e minha natureza é a mesma da floresta, dos rios, do oceano;
me sinto parte integrante não só de todo esse planeta
mas do infinito onde somos mergulhados, cercados por estrelas e mistérios
Deus, Deuses, matemática, astrologia, biologia, física quântica e exotérica
Gosto de marcar epifanias com poesias, textos livres...
outras vezes tatuagens, rituais, pinturas, fotos, músicas...
acredito que através da arte podemos diminuir a distância
que a religião e a ciência insistem, teimosamente, em manterem separadas
numa estúpida disputa onde cada uma se vê solitária e desamparada
Mas sinto que novos tempos
trazem pontes e formas novas de fazer
a lógica e a intuição chegarem à um acordo
um lugar de paz e unicidade
porque somos sim todos um,
seja qual for a crença
o infinito, o universo, Deus, Alá, enfim: Namastê!
tudo isso é a mesma força em diferentes palavras
de diferentes escolas e culturas... O mistério da existência
diante do infinito que cabe em cada consciência...
Queria fazer uma tatuagem pra marcar meu corpo
e me lembrar duma nova fase em que ingresso agora
e meu guia espiritual, pra quem entende o que isso significa
fez questão de me dar uma grande lição de maneira inesquecível
e a marca veio no meu corpo, sem planejamentos
através de dor, sangue, susto, sentimentos
o importante são os aprendizados e as novas formas de agir
diante de uma realidade em constante mudança
Foi por isso que fiz essa foto, esse auto-retrato Nu[de]
Nu-de, nu de toda carga que antes me vestia...
Despido de vaidade e ego, pra me fazer lembrar
eternamente, dos aprendizados que recebi
nesta noite sonâmbula e viva de metáforas fortes
e divisoras de águas, e de comportamentos
Recebo meu novo EU com amor e curiosidade
me libertando de medos paralizantes
traumas, dores, erros, apeEGOs: Saudade
Muito prazer, este sou meu agora, puro movimento
em conexão com sorrisos, abraços e sentimentos
Me aceitando em meus defeitos mas principalmente
em minhas grandes responsabilidades...
Tem coisas que não mudam mas sempre evoluem
nossa essência é metamorfose constante
e aceitar isso é o caminho para a paz que sinto agora
o próprio caminhar é esta serenidade...
Gratidão pela família de amigos
que essa vida sempre me trouxe
e continua me trazendo
OBRIGADO À TODOS
É um imenso prazer compartilhar minha vida com vocês!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Pipa Avoada



Pânico da síndrome, perco a linha e a pipa desinfantilizada
Estrondo em minha índole, dor na espinha, coluna esmagada
o tempo é ausente de velocidade, indefinível identidade
o relativo pode explodir fragmentos deste numa eternidade
um Big Bang que cria um universo que eu mesmo invento
ou um único verso, muitas vezes nem tento...
que inverso no peito e estremeço as paredes todas com o vento que faço desabar as estruturas da grande cidade num coração
que tambor de aço
tique-taques de vidro em
represas sem manutenção 
se despedaçam enlameando lágrimas e desfazendo as margens oprimidas com ardor violento

são minhas aquelas costas metralhadas...

dispara-me incontrolável uma ilusão sublimada de agoras
o avanço e o retrocesso se desencontram
nessa implosão interna de memórias
homogenia de culturas vivas e perdidas ou sem histórias
que faz a mente controlar, mente que mente, nem sente
estremece, superaquece, esmaece, adoece, desconhece
que não se é independente, independentemente...
os escombros adormecem meus sentidos que ensurdecem
a poeira me espetando sufoca meus olhos e a minha prece
mas me fortalecem quando venço a claustrofobia urbana
e renasço como uma Espada de São Jorge atropelada e inerte
mas que vence rachaduras e se faz presente
no asfalto que inverte
amanhece fazendo do monturo de concreto
do piche uma alquimia, seu alimento...
a luz que guia não cega 
só quem tenta enxergar tudo ao mesmo tempo
tempo, tempo, deixo o tempo pra lá
porque nenhuma batucada cardíaca
pode controlar a matemática 
das feridas de cimento 
que suturaram desérticas
as décadas histéricas 
que engoli fingindo não sentir 
o amargo que não largo
pois me entupir de doces 
não fez com que doçuras o escondessem
só disfarçam
e o transformam em lamento
remoto e sem controle
não assisto o jornal
meu papel é só um canal
eu faço, vivo, produzo as notícias
mas não me reencontro no final
tudo açucarado e mascarado de doce deleite, 
muitas vezes não me aguento
doce mesmo é saber receber de sentidos abertos
os verdadeiros que me abraçam
olhos e desenhos também podem abraçar
mesmo sem sorrir, olhares bastam estar
as verdades que me escapam
as mentiras que me injetam e me chapam
são efemeridades que esvoaçam
com arrevoadas de pessoas
que não sacam nada 
ignorantes na conexão que liga o que é vivo
no que está junto, dentro que é também fora...
Se algo existe que não é ilusão
isso só pode ser mesmo o aqui
pois tudo o que há, tudo, tudo...
Tudo o que é, só é, quando é agora.

Uirá Felipe Grano Gaspar - 05 Jan 2016