Pânico da síndrome, perco a linha e a pipa desinfantilizada
Estrondo em minha índole, dor na espinha, coluna esmagada
o tempo é ausente de velocidade, indefinível identidade
o relativo pode explodir fragmentos deste numa eternidade
um Big Bang que cria um universo que eu mesmo invento
ou um único verso, muitas vezes nem tento...
que inverso no peito e estremeço as paredes todas com o vento que faço desabar as estruturas da grande cidade num coração
que tambor de aço
tique-taques de vidro em
represas sem manutenção
se despedaçam enlameando lágrimas e desfazendo as margens oprimidas com ardor violento
são minhas aquelas costas metralhadas...
dispara-me incontrolável uma ilusão sublimada de agoraso avanço e o retrocesso se desencontram
nessa implosão interna de memórias
homogenia de culturas vivas e perdidas ou sem histórias
que faz a mente controlar, mente que mente, nem sente
estremece, superaquece, esmaece, adoece, desconhece
que não se é independente, independentemente...
os escombros adormecem meus sentidos que ensurdecem
a poeira me espetando sufoca meus olhos e a minha prece
mas me fortalecem quando venço a claustrofobia urbana
e renasço como uma Espada de São Jorge atropelada e inerte
mas que vence rachaduras e se faz presente
no asfalto que inverte
amanhece fazendo do monturo de concreto
do piche uma alquimia, seu alimento...
a luz que guia não cega
só quem tenta enxergar tudo ao mesmo tempo
tempo, tempo, deixo o tempo pra lá
porque nenhuma batucada cardíaca
pode controlar a matemática
das feridas de cimento
que suturaram desérticas
as décadas histéricas
que engoli fingindo não sentir
o amargo que não largo
pois me entupir de doces
não fez com que doçuras o escondessem
só disfarçam
e o transformam em lamento
remoto e sem controle
não assisto o jornal
meu papel é só um canal
eu faço, vivo, produzo as notícias
mas não me reencontro no final
tudo açucarado e mascarado de doce deleite,
muitas vezes não me aguento
doce mesmo é saber receber de sentidos abertos
os verdadeiros que me abraçam
olhos e desenhos também podem abraçar
mesmo sem sorrir, olhares bastam estar
as verdades que me escapam
as mentiras que me injetam e me chapam
são efemeridades que esvoaçam
com arrevoadas de pessoas
que não sacam nada
ignorantes na conexão que liga o que é vivo
no que está junto, dentro que é também fora...
Se algo existe que não é ilusão
isso só pode ser mesmo o aqui
pois tudo o que há, tudo, tudo...
Tudo o que é, só é, quando é agora.
Uirá Felipe Grano Gaspar - 05 Jan 2016
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