Tem hora, que o grito angustiante da cidade grande é
tão, tão forte, e tão agudo, que sinto como se estivesse enlouquecendo com ela,
e eu realmente enlouqueço, diariamente...
E são sempre pequenas coisas que me trazem de volta para
o meu eu-verdadeiro, meu eu-simples.
Tem hora que é preciso ficar só e em silêncio para ouvir
as intimidades da alma.
E não é isolamento, apenas, não, não é nada disso e
aliás muito pelo contrário, é conexão!
Mais que simples fugere
urbens, mergulhos na cachoeira, andanças pela mata, pores-do-sol do topo de
montanhas, nada disso tem sentido sem os pequenos silêncios internos no
decorrer desses rituais de fuga urbanos.
Cresci devoto destes rituais de contato íntimo com a
natureza. Cercado sempre de barulheiras familiares logo encontrei no que me
cabia de liberdade os espacinhos pra poder ser esse Eu-Simples, esse Eu-Maior,
esse eu-em-conexão...
E rio sosinho de alegria no coração. Epifanias que fazem
brilhar os olhos. O som das águas da cachoeira me falando segredos sobre o meu
íntimo particular. E me vejo quase idêntico a esse rio. Esse eterno esvaziar-se
e encher-se num constante movimento de transformação.
Percebo que de todo o mundo ao meu redor e toda essa
grandeza enraizada em meus pés, o que eu mais preciso para ser feliz é
simplesmente só isso: Eu mesmo.
[ Uirá Felipe Grano Gaspar ]
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